FUNÇÕES DA MENTE: CONSCIENTE E SUBCONSCIENTE
Os filósofos se dividiram ao longo do tempo em duas concepções da problemática humana: os mecanicistas definem o ser humano como máquina autônoma, que vive um destino fatalista. Os do "Ser-Livre" definem o ser humano como autodeterminante das suas escolhas e do seu destino.
Está muito evidente que nenhuma destas versões satisfaz o questionamento básico da vida do ser humano. 'Por que não consigo fazer o que desejo?'; 'Por que me comporto como se eu tivesse dupla personalidade?'; 'O que é essa força estranha que vem do interior e faz coisas das quais me arrependo depois?'.
Freud (1997), quando desenvolveu a teoria da Psicanálise, explicou que os processos psíquicos são, em sua imensa maioria, inconscientes. A consciência não é mais do que uma fração de nossa vida psíquica total.
A Parapsicologia Científica do Sistema Grisa simplifica o conceito dizendo: "em termos funcionais, a mente humana é uma, mas funciona como duas". O Consciente é definido em termos de presença e atenção, ele está onde está a atenção, é a parte racional da mente.
Segundo Grisa:
É com o Consciente que o Ser Humano pensa, analisa, compara, raciocina, julga, decide, compreende, escolhe e orienta-se. É pelo Consciente que o Ser Humano desenvolve sua atividade racional. [...] Somente quando agimos sob o controle e o comando do Consciente podemos considerar-nos, realmente, Gente.
E o Ser Humano age de forma Consciente Plena (é totalmente homem, gente, Ser Humano), quando pode afirmar:
– SEI o que estou fazendo (percebe o que faz);
– QUERO fazer (faz uso da vontade);
– POSSO escolher e fazer isto, livremente (faz uso da vontade livre, do livre-arbítrio).
Apenas quando age, realmente, de vontade livre, o Ser Humano pode ser considerado responsável pelo que faz, e poder-se-ia atribuir-lhe culpa, se fosse o caso.
Como funciona a mente
Essa é a essência da liberdade de escolha: o ser humano é livre se tem liberdade na escolha e na realização dos seus desejos. A história humana tem demonstrado esta autêntica dificuldade que não tem origem nas circunstâncias da vida, mas provém de seu interior.
Segundo Grisa:
[...] é comum ouvir-se a frase: “Desculpe, fiz sem querer!”
Muito mais vezes do que podemos imaginar, essa frase é sincera e expressa a verdade.
– O que nos faz agir sem querer, sem liberdade real?
– O Subconsciente.
– O que é o Subconsciente?
– O Subconsciente é o agente de nossa vida. É o Subconsciente que executa tudo o que acontece conosco. É uma máquina, é um robô que, depois de programado, age mecânica, automática e autonomamente. O Subconsciente não pergunta se está certo ou errado, se é bom ou ruim, se ajuda ou prejudica, se constrói ou destrói. Age automaticamente, como qualquer máquina.
Essa é a resposta às dúvidas dos filósofos, ascetas e todos aqueles que questionam a essência humana.
Segundo Grisa:
E é por essa capacidade que, muitas vezes, o ser humano é levado a perceber que agiu sem querer – isto é, sem a participação da vontade livre, sem a participação do Consciente, do eu racional. Quando isso ocorre, o ser humano deixou de agir, efetivamente, como gente.
O fato de o ser humano vir equipado com esse instrumento invisível, mas poderoso, faz a aparente divisão do ser humano. Por vezes, faz com que se tenha a impressão de que uma força estranha leva o indivíduo a agir de maneira até contrária à sua vontade, de forma irracional (às vezes, diabólica, maligna e animalesca; e outras vezes, divina, heroica, angelical).
O Subconsciente é o “burro” de S. Francisco de Assis; é o “Corpo” e a “Carne Fraca” dos ascetas. É o “coração” de Pascal, o sábio francês, quando diz: “Le coeur a des raisons que la raison ne connait pas”. O coração tem razões/motivos que a razão desconhece.
A frase de Pascal deixa claro o agir por impulsos. Hoje sabe-se que a fonte desses impulsos está no subconsciente. A razão é a função Consciente, do Eu Racional que deveria comandar o coração ou função Subconsciente, mas que, por falta de conhecimento do funcionamento paralelo entre eles, não se consegue seu domínio; deixando-o agir como um "zumbi", ou seja, sem saber o que está fazendo.
Na tentativa de explicar claramente o funcionamento do subconsciente é possível compara-lo a um terreno ou campo, e exemplifica-lo com as palavras de Jesus de Nazaré.
Segundo Grisa:
Jesus de Nazaré, em sua insuperável Sabedoria, também usa sinônimos claros de Subconsciente. “Campo” ou “terreno” é o símbolo predileto para expressar, em linguagem de seu tempo, a realidade conhecida pela Parapsicologia como Subconsciente. Coração é outra palavra utilizada por Jesus para representar a realidade do Subconsciente. Na Parábola do Semeador, compara a semente à palavra de Deus, e o coração do homem ao terreno. Segundo o tipo de terreno (coração ou mentalidade das pessoas), é mais difícil ou mais fácil vingar (crescer) a semente, desenvolver-se a planta (o trigo) e dar frutos.
Começou a ficar mais claro: existe um terreno no interior, ou no coração, irracional, onde as mais diversas sementes foram lançadas e frutificaram, não importando se são boas ou ruins para efeitos práticos e racionais. Se a semente foi plantada pelo dono - por decisão própria ou pelo inimigo, por temor ou por autoridade - foi o subconsciente quem fez a semeadura. Jesus enfatiza que o subconsciente (coração do homem), como terreno, é obediente e indiferente: se a semeadura aconteceu a colheita é inevitável.
Numa analogia moderna, pode-se comparar o subconsciente com um robô que, depois de programado, age automaticamente. Ele aceita qualquer ordem para a qual foi programado.
Essa força oculta e poderosa está representada na figura como a parte submersa do iceberg. Ele tem uma função absolutamente mecânica, visto que a configuração básica de seus programas é prover a sobrevivência. O subconsciente age de forma automática e impulsiva sempre, pois está preocupado apenas em cumprir com aquela programação básica: “sobreviva”. E de fato, ele executa sua tarefa de forma exemplar. Observe como:
move o corpo na direção necessária para prover condições orgânicas de sobrevivência com saúde (move o coração, os rins, todos os órgãos) e dá condições de colocar em prática os movimentos treinados (escrever, ler, dirigir um carro, cozinhar);
move sentimentos e emoções, depois de “programado” dá origem às reações emocionais e comportamentais. Reações são apenas respostas ao meio ambiente: se algo for suspeito ou perigoso vai reagir para afasta-lo, se for confiável e bom vai aproximar;
move a realidade: a percepção cria sentimentos e emoções e comportamentos em consequência. Repare que a consciência voltou ao cenário. É a consciência que determina nosso comportamento, sempre na direção da proteção à vida. O subconsciente, depois de programado, movimenta a realidade factual, produzindo resultados práticos tais como:
saúde ou doença;
fracasso ou sucesso;
pobreza ou riqueza;
amor ou desencontro;
corpo esbelto, bonito e saudável ou corpo gordo e insalubre.
Partindo desse pressuposto, o subconsciente, que já tem uma programação básica em busca de proteger a sobrevivência, gera muitos comportamentos irracionais e egoístas do ser humano, que se torna egocêntrico ("primeiro eu") e, se for confrontado com a necessidade de sobreviver, passa por cima de qualquer noção de justiça, moral ou ética. Se houver ou imaginar qualquer ameaça à sobrevivência, reage gerando mecanismos de defesa, ataque e agressão. Se sentir insegurança, passa a sofrer medo e sensação de perigo.
Essa aparente contradição explica porque o indivíduo não consegue ser magro, elegante, admirado por todos, conseguir tudo o que deseja na vida: amor, felicidade, bens materiais, amizades, amor verdadeiro, reconhecimento pelo seu esforço e qualidades.
Resumindo, o comando racional assume o controle da mente e determina ir à direção desejada. Se detectado qualquer perigo, recebe uma força desproporcional na direção contrária, que o conduz aonde não quer ir. Então vem a dúvida, o medo, o ressentimento. O sujeito passa a se perceber como incapaz, incompetente, pouco valioso e começa a ouvir uma voz interior que insiste em mensagens negativas: “você não pode, você não deve, você não merece, você vai falhar.” Essa voz é o subconsciente que está querendo proteger. Em seu permanente presente, entende que todo fato vivenciado com intensa emoção de sofrimento é, ainda, uma ameaça real que está acontecendo naquele momento e deve ser combatida. Essa é uma proteção maravilhosa, visto que, sem essa ação do subconsciente, a vida não seria possível.
O subconsciente atua basicamente em termos de proteção e trabalha como se fosse um detector de perigos extremamente sensível e permanentemente ligado. Suas sirenes prontas para reagir diante do menor sinal de alerta tomam conta do comportamento, fazem sua tarefa sem pedir licença e não dão explicações. Tarefa feita, passa a tentar se antecipar a outro risco eminente, sempre ligado.
Percebe-se essa proteção nos momentos de medo, amedrontamento ou ameaça. Lembrando-se do terror da escuridão, do arrepio que se sente ao ver uma aranha ou uma cobra, da insegurança ao se ouvir uma notícia do crime organizado, do medo que se tem da morte.
O subconsciente não distingue entre o que realmente está acontecendo e o que está sendo criado/projetado, não sabe distinguir entre perigo real ou imaginário. Desta forma, está sempre traçando um cenário mental de extrema dificuldade.
Fundamental lembrar da informação: a luta é para permanecer vivo, lutando contra a morte, e essa urgência o coloca em rota de colisão com a felicidade. Viver é sofrer!
Se viver é sofrer, significa que se nasce para ser infeliz? Ou é possível atuar dinamicamente para atingir os objetivos na vida e ser feliz?
O ser humano é uma minúscula partícula no universo e, como parte dele, é obediente a leis muito claras: transitando nelas se entende o sentido da vida, do universo, do todo.
O Subconsciente é quem comanda todos os processos da vida de forma automática contribuindo assim para poupar um componente vital: a energia. A energia movimenta a vida e é, também, o grande limitador de qualquer movimento. O subconsciente assume, então, o comando, repetindo ações automáticas para preservar a vida e para evitar o desperdício de energia.
No processo de aprendizado para caminhar, escrever, aprender a tabuada, andar de bicicleta, dirigir um carro ou usar um computador, em um primeiro momento parece impossível, mas logo, com inúmeras repetições da mesma tarefa, o subconsciente assume e coloca a tarefa no automático, com mínimo gasto de energia. Aqui está a chave para o sucesso na vida: criar o hábito e repetir o comando.
Hábitos saudáveis para alimentação, hábitos corretos para estudo, para relacionamentos, para o sucesso financeiro, profissional, entre outros.
Um antigo provérbio de grande sabedoria diz que: “deve-se cuidar dos pensamentos, pois se tornarão palavras; deve-se cuidar das palavras, pois se tornarão atos; deve-se cuidar os atos, pois se tornarão hábitos; deve-se cuidar dos hábitos, pois se tornarão o destino”.