CASOS CLÍNICOS
Caso Bernardo: o medo diante das ameaças da vida
Mais sobre o Bernardo e o milagre da reprogramação mental.
Bernardo veio novamente ao consultório de Parapsicologia Clínica relatando uma dificuldade enorme em permanecer calmo. Respondendo qual foi o gatilho que disparou essa situação, disse que tudo começou 9 meses atrás quando o pai dele teve um AVC (Acidente vascular cerebral), desmaiando em casa e permanecendo no hospital por um mês.
Nada foi igual na vida dele, embora o pai continua evoluindo e aos poucos supera cada uma das sequelas, a vida dele parou naquele instante. O sofrimento é muito intenso, a vida perdeu a alegria.
Fiquei muito interessado em entender a causa de tanto sofrimento. Expliquei que um dos princípios naturais de sobrevivência é o da espécie, cada vez que alguém da família for ameaçado, a função mental subconsciente vai reagir e provocar um sofrimento. Mas a norma é os filhos enterrarem os pais, Bernardo estava em sofrimento extremo por alguma causa que não compreendia; era irracional, estava na função mental subconsciente.
Cada vez que agimos de forma desproporcional diante de um evento, suspeitamos da função mental subconsciente, que na sua capacidade de tomar conta dos nossos comportamentos, executa programas que são apenas para proteção. Bernardo queria estar a disposição para cuidar do pai, mas ficou doente, sem energia, e se tornou uma carga mais para toda a família.
É o paradigma básico que demonstra que a mente humana é uma, mas funciona como duas. Se a função mental subconsciente trabalha para proteção, ela está protegendo do que? Ela funciona apenas no eterno presente, para ela não existe passado nem futuro, tudo é um eterno presente, ela registrou momentos de ameaças que voltaram a aparecer em forma de fantasmas. Bernardo sem sabê-lo ainda revive aqueles momentos difíceis onde parecia que ia morrer, manifestando no corpo físico todas as sensações do medo.
Na terapia de Reprogramação Mental usamos a técnica de regressão de idade, para saber qual foi a emoção negativa vivida tão intensamente que provocou o programa de proteção que está agindo agora. Navegamos pela emoção em direção ao passado buscando qual a causa de uma reação tão forte, e quando chegarmos lá vamos a tirar a roupagem do fantasma assustador. No final das contas o que causa o desconforto é um fantasma que não existe mais, já foi vencido, e a maior prova disso é que o Bernardo ainda está vivo.
E lá vai ele descendo a ladeira da memória de sua vida, impulsionado pela emoção de medo, buscando quando foi que ele se sentiu da mesma forma, de preferência a primeira vez ou aquela que teve maior peso emocional.
Seu corpo inteiro se convulsiona e chora profusamente, como um bebê, medo! muito medo!
- Onde você está?
- Não sei....
- Está escuro?
- Estou com muito medo....
- Veja se onde você está tem lugar para estender teus braços.
- Não, está apertado... sinto um aperto no pescoço e dor na nuca e nas costas, a mesma dor que sinto quando estou sofrendo.
[Para que o leitor consiga entender vamos recuperar as informações que temos sobre a vida da família na época da gestação: a mãe foi uma mulher muito sofrida, filha de um alcoólatra que batia muito. Casou e desejou muito ter um filho, a situação financeira não era das melhores, piorando quando o governo Collor prendeu a poupança do casal que se preparava para a aventura de serem pais, levou vários sustos relacionados a insegurança na gravidez. O maior pesadelo era pensar que o futuro pai poderia ser morto num enfrentamento com bandidos, deixando a família com saudades e desprovida de proteção.
No parto ele estava enrolado no cordão e foi feita uma cesárea de emergência, o médico suspeitou que ele estava morrendo.
Continuando com a regressão:
- Medo do que, Bernardo?
- É muito assustador lá fora, não quero nascer....
E as convulsões, o choro e o medo aumentam...
- Agora você sabe que está dentro do útero da mãe, experimentando o medo da vida. Vamos em frente Bernardo, a vida aí dentro não é mais possível; falta ar, espaço e nutrientes.
- Estou vendo luz, e uma coisa enorme branca....
- O que é essa coisa enorme e branca?
Nesse momento Bernardo ficou com muito mais medo, o que será essa coisa que tanto o assusta?
De imediato Bernardo cai na gargalhada e as lágrimas deixam de ser de sofrimento para serem de felicidade.
- Meu pai colocou seu dedo no meu peito, e eu me agarrei dele com força. Meu pai está ai!!!! Que alegria!
Nem precisei argumentar, a função mental subconsciente se reorganizou sem necessidade de intervenção.
Os medos que a mãe sentiu durante a gravidez tinham marcado profundamente ele, pensava que ele na sua aventura na vida não ia contar com a proteção do pai; e a função mental subconsciente registrou essas ameaças com profunda emoção. Por isso qualquer problema de saúde do pai o tirava do sério.
Assim, a mente reorganizada vivenciou uma emoção maior de proteção que resolveu o comportamento atrapalhado. Essa é a forma de reprogramar a mente subconsciente: a emoção forte e negativa nos faz sofrer, mas a emoção maior de sentir que sempre esteve protegido fez a mágica afastando definitivamente o fantasma.