Relato da reprogramação de um caso real de pânico
Damaris (nome fictício) sente pânico, em especial em lugares fechados e com barulho.
Na regressão de idade, buscando a resposta à pergunta: Quando foi que Damaris sentiu-se muito ameaçada e insegura, de preferência aquele momento que foi vivenciado com profunda emoção negativa.
Com dez anos de idade, o pai a levou de carro num bairro distante, buscando uma certa pessoa. Quando chegou no local mandou ela ficar no carro, pegou uma arma no porta-luvas, ligou o som do carro em volume alto e travou as portas.
P - Qual a emoção que está sentindo?
C - Medo, muito medo!
C - O pai ficou discutindo muito tempo com uma pessoa, e eu continuei chorando muito, gritando pelo pai.
P - Finalmente o pai atraído pelos gritos voltou ao carro, sem mais briga. Quando chegou em casa apenas diz para a mãe: nem precisei mostrar a arma, esse não vá mais te flertar!.
[Depois disso a mãe e o pai discutiram muito, o qual a fez ter a certeza de que alguma coisa ameaçadora poderia ter acontecido.]
P - Que bom que o teu subconsciente está tão bem preparado, te colocou em guarda pela preservação da vida, e te fez chorar e gritar nessa hora para chamar a atenção do pai.
P - Quem sabe naqueles instantes o pai lembrou de quanto a filinha dele precisava de atenção, a filha é mais importante do que a raiva.
P - E como está se sentindo agora, neste instante a respeito do episódio que acabou de lembrar?
C - Melhor, mas ainda sinto um pouco de medo.
P - Compreenda Damaris que este fato e seus aprendizados te permitem estar mais atenta as coisas importantes na vida. Compreende Damaris que sempre houve proteção na tua vida?
Como a cliente disse que ainda sente um pouco de medo, buscamos um fato mais antigo que possa ter ocasionado o programa de proteção chamado “pânico”.
P - Ok, Damaris, agora vamos buscar um fato ainda mais antigo, quando foi que pela primeira vez teve uma emoção muito grande sentindo-se insegura.
C - Estou sentindo muita cólica, som alto, no carrinho de bebê, sozinha, fechada na sala. A mãe e o pai gritam comigo, e não me acolhem.
C - Vou ficar para sempre nesse sofrimento? Melhor morrer do que ficar sofrendo.
[Cabe apontar aqui que ela chorou durante meses após o nascimento, e os pais não sabiam como agir.]
P - Ok, Damaris, agora eu conto até três, e você vá até o momento em que o pai ou a mãe te acolhem. 1, 2, 3....
P - E agora? O que está sentindo?
C - Vejo o pai, a mãe e os meus irmãos chorando e me cuidando, que delícia!
P - Foi normal e natural você se sentir com medo e tristeza. O bebê tem imaginação forte e pouca noção do tempo transcorrido, para ele minutos são horas que demoram a passar, e a sensação de abandono e morte é iminente.
P- Por isso você pensou que está sozinha perante os desafios da vida. Mas que você pode contar sempre com a proteção sempre presente?
P - Compreende que aquele sentimento foi muito mais resultado de sua imaginação do que a realidade acontecida? Todo e qualquer sofrimento identificado está agora superado e não tem mais poder sobre você.
O fato acontecido foi confirmado como verdadeiro pelos pais. Na confusão criada pelo cansaço físico e mental após noites sem dormir, foram buscar conselho e ouviram que era para deixá-la chorar e não responder a seus apelos de colo. E como não conseguiam resistir ao choro, colocaram a música no volume alto.
“Desculpe filha, fizemos o que nos ensinaram...”
Neste caso, a mente da Damaris ficou parada no tempo, percebendo a ameaça de ficar sozinha, sem apoio, num ambiente barulhento. Ela registrou apenas a ameaça, não conseguiu ver as causas desse aparente “abandono”.
Agora registrou com profunda emoção a verdade e sabe que conta com proteção na vida, permitindo que a partir de agora os registros apontem para sua capacidade de vencer na vida.